sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Itália Wake Tour para Revista Ragga de Novembro!

Por Teca Lobato
Fotos eu, meu pai, meu irmão e minha cunhada...


Parada em Zurich, no caminho para os Alpes eu, chico e a Lêlê...

Eu não sabia o que esperar. Uma coisa eu sei, eu gosto de sol, de água e de preferência com alguma prancha envolvida. Sei também que a Itália é o país da boa comida, que no norte faz frio, que no sul faz calor, que nas estradas é fácil ver as enormes vinícolas, que a arquitetura é linda e em alguns lugares, muito antiga... Mas até então não consegui ligar os pontos, onde é que entra alguma prancha?


Estrada de Zurich a caminho dos Alpes...


Mesmo nunca tendo ouvido uma notícia sequer relacionada à wakeboard na Itália resolvi arriscar e viajei carregando minha prancha para cima e para baixo, rendendo desconfiança alheia quanto ao conteúdo de 1 metro e 40 centímetros de mala, persistindo na esperança de que pelo menos uma sessão de wake eu ia fazer.



A cidade de Bormio...

A viagem começou em Londres, o ponto de encontro com meu irmão Francisco, que mora na Inglaterra há dois anos. O roteiro escolhido por ele tinha a Itália como objetivo principal, mas não sem antes voar para a Suíça e alugar um carro para seguir até o país sem passar pelas estradas óbvias. A idéia era chegar até a Itália através das minúsculas estradas alternativas dos Alpes.


Termas de Bormio, um spa no meio dos Alpes também...

Mas antes de voarmos para a Suíça daríamos uma passadinha pelo cable park de Londres, o JB Ski. Isso é claro se minhas malas não tivessem sido extraviadas e perdidas na conexão em Paris, aí bateu o desespero. Minha agonia só foi passar dois dias depois. Três horas antes do vôo para Zurich, as malas apareceram, e viajei no ápice da abstinência de wake.


Chegando no cable de Milão com o Francis!

Finalmente! Itália

Depois de tantas curvas e estradas em precipícios do caminho de Zurich até a Itália, merecíamos um descanso. E a parada estratégica foi a pequena Bormio, perto da divisa com a Suíça, a cidade fica em um vale bem no meio dos Alpes e apareceu no roteiro simplesmente por abrigar o Spa de termas “Bagni Vecchi”. Outra ótima distração para minha desesperadora vontade de fazer a sessão de wake. A próxima parada? Milão.


Eu passando mal com a marola do Iseo Wake Club...

Minha primeira surpresa foi o calor e o céu azul do início do Outono italiano, a segunda foi encontrar dentro de um enorme complexo de lazer em Milão um cable park. O lugar é chamado de Idroscalo e o cable é conhecido como Teleski, motivo pelo qual me perdi e quase cheguei a desistir de encontrar o park. Com uma enorme área para camping, no lugar vi várias pessoas pescando, correndo e fazendo churrasco em torno dos pinheiros.


Ansiedade máxima no cable!

No final do lago que de tão azul, foi minha terceira surpresa do dia, encontrei o cable park. Os wakeboarders da cidade grande eram todos muito estilosos, com bermudas muito coloridas e capacetes mais ainda, bem parecidos com os brasileiros. Muitas pessoas aprendendo, outras com o nível muito alto. Eu não esperava encontrar o esporte tão presente no cotidiano dos Italianos, já que eu nunca tinha ouvido a respeito do esporte no país.


Na fila do Cable!

Por 15 euros a hora dá para se esbaldar no Cable de Milão, são vários obstáculos para todos os níveis e bases. Mas como nada é perfeito, para chegar no parque é preciso andar consideravelmente, já o complexo de lazer é enorme e a portaria bem distante da entrada do cable, adiciona-se uma prancha e a caminhada fica quase um caminho de Santiago de Compostela.


Cable!!!!!!!!!!


Lago de Iseo

Diferente do estilo de vida da cidade grande foi no Lago de Iseo, na cidade homônima, que ampliei meus horizontes. Foi na pequena vila que firmei minha base e foi de lá que partia em direção aos roteiros turísticos como o Lago de Garda e Veneza. No final do dia era para lá que eu retornava.
A cidade que margeava o enorme lago é bem pequena e os moradores muito tranqüilos, com cerca de 8.389 habitantes, ela se estende por 25 km2. Assim como em quase toda a Itália o horário de almoço dura até as três horas da tarde, tempo que boa parte do comércio fica fechado.



Iseo...A vista do barco...

Conhecido por hospedar a maior ilha lacustre italiana, o Lago de Iseo se estende por cerca de 65,3 km2 e em alguns pontos sua profundidade pode chegar até 251 metros quadrados. Apesar de enorme, não vi nenhum barco de wakeboard no lugar. O Porto, que tomava conta de quase toda a orla da cidade só tinha barcos de passeio e veleiros parados, até que bem escondido por baixo da capa eu vi uma torre com um formato bem familiar e reconheci uma Master Craft, um barco com o formato ideal e projetado para praticar wakeboard.


Viva a culinária italiana...Tirando o presunto...

Descobrir quem era o proprietário da embarcação não foi tão difícil, Andrea, recepcionista do Hotel também desconfiava do conteúdo da minha capa de wake e um dia não agüentou e quis averiguar. Uma vez informado a respeito da prancha me indicou ir até a Boardshop de Cláudio, proprietário do único barco de wake do lago e da escolinha do Iseo. Quanta sincronicidade!


Veneza chuvendo...

Cláudio marcou a sessão e lá fomos nós, eu e o Chico meu irmão, principal responsável pela minha introdução no wake e que há mais de seis anos não subia em uma prancha. Já dentro do barco, notei que teríamos a companhia de um aluno, na verdade uma criança muito tranqüila e simpática que andou muito bem e se esforçou para entender nosso italiano - inglês meio aportuguesado.


Vista do quarto em Bormio.

Do ponto de vista do barco o Lago ficava ainda mais lindo, de lá era possível notar todas as cidades e as construções bem antigas, características da região da Lombardia. O Iseo é diferente de todos outros lugares que já andei de wakeboard na vida, e o cenário se mostrou inspirador. Mesmo com um equipamento antigo e bem diferente do atual, pela primeira vez na vida aproveitei minha sessão mais pelo lugar que eu estava andando que pelas condições.


Chico relembrando...

O Chico pegou a água mais lisa do dia e conseguiu mandar boa parte das manobras que sabia. No final nos despedimos e marcamos uma volta no dia seguinte, que infelizmente não sabíamos, mas o tempo iria impossibilitar. Cláudio pegou sua bicicleta cuidadosamente apoiada em uma árvore e tomou o rumo da boardshop, enquanto o outro aluno foi embora com a prancha a tira colo caminhando provavelmente para sua casa que não devia estar longe.

Muito longe de fazer jus a fama de grosseiros, os italianos do norte, pelo menos os moradores do lago Iseo se mostraram muito solícitos em ajudar e proporcionar bons momentos aos visitantes. Cláudio que se mostrou muito ocupado e com poucos horários, fez de tudo para conseguir nos encaixar entre os inúmeros alunos, sendo paciente perante a tanta insistência.


Cláudio no barco do Iseo Wake Club..

Com nosso tempo de viagem curto, e o prazo para chegar ao aeroporto de Zurich se esgotando, partimos para a capital suíça pelas estradas tradicionais. Cenário perfeito para uma reflexão pós - mudanças de contexto social, com vaquinhas pastando em gramados muito verdes, casinhas com varandas floridas e os Alpes no fundo, me fizeram pensar no roteiro que não foi nada convencional, e que se não fosse a vontade de encontrar wakeboard provavelmente não teria acontecido.


O carrinho que se mostrou muito eficiente...

Pensei no quanto foi essencial fugir do turismo básico e seguir para estradas e paradas alternativas. É claro que Londres, Zurich, Milão e Veneza valem a pena conhecer, mas senti que foi em Iseo, Garda e Bormio, sem contar todas as pequenas vilas da Suíça e Itália que conhecemos, que a viagem realmente aconteceu. Foi em Iseo que fiz a sessão de wakeboard mais diferente da minha vida e conheci a Itália de um ângulo que dificilmente um turista acomodado vai conhecer.


Até agora não tinha entendido qual era a graça!


Papai lindo, eu e a mula!

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